quarta-feira, 29 de abril de 2009

Interditar a Memória


interditar a memória.

Tornar a inteligência bela é voltar à não inteligência.

Só é belo o que não é inteligente; porque o inteligente é o não imediato: um passo atrás ou à frente, enquanto o belo é o instante, a superfície tão fina que frente igual a COSTAS, o início é o mesmo que o FIM.

interditar a memória.

a memória é ocupação do espaço.

a memória é o não imediato,

a memória é o inteligente.

O Corpo inteligente é inteligente mas não é corpo porque corpo é estar presente, agora, por completo, e o inteligente, repito o inteligente é o não-imediato, um passo atrás ou à Frente.

a dança não tem Memória.

A criatividade não tem Memória.

O Corpo começa agora no momento que acaba.

O Corpo começa no mesmo sítio que acaba.

O corpo é 1 sítio e 1 tempo e depois 1 outro sítio e 1 outro tempo que não recordam o sítio e o tempo anteriores.

CORPO AMNÉSICO.

Esqueceu porquê aqui e agora.

Aqui e agora e antes nada.

Aqui e agora e depois nada.

CORPO AMNÉSICO e sem projectos.

Cortar-lhe a cadeira dos velhos e o monte donde se vê o FUTURO dos NOVOS.

Um CORPO sem cadeira (não há cansaço porque antes não existiu) e UM CORPO sem VISÃO (o FUTURO é 1 espaço onde ainda não se chegou).

Sem visão não há nenhum lado onde se chegar, e sem cadeira não há sítio onde descansar, portanto só resta ao corpo ser todo aqui e agora e só resta ao corpo dançar.

(Corpo a quem cortaram a cadeira e os olhos).

Gonçalo M. Tavares