[O soneto que só errado ficou certo.]

Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
Para te dizer, com a simplicidade do bater do coração
Que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
E esta ternura dos olhos que se dão.
Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- Mas o desejo de ser a noite que me guias
E baixinho, ao bafo da tua respiração,
Contar-te todas as minhas covardias.
Ao pé de ti não me apetece ser herói
Mas abrir-te mais o abismo que me dói
Nos cardos deste sol de morte viva.
Ser como sou, e ver-te como és:
Dois bichos de suor com sombra aos pés
Compilações de luas e salivas.
José Gomes Ferreira
1 comentário:
Como ele sempre dissera:
o rio e o coração, o que os une?
O rio nunca está feito, como não está o coração. Ambos são sempre nascentes, sempre nascendo.
Ou como eu hoje escrevo:
milagre é o rio não findar mais.
Milagre é o coração começar sempre no peito de outra vida.
MIA COUTO
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