domingo, 30 de maio de 2010

Que domingo solene, ocioso e lasso

Que domingo solene, ocioso e lasso!
Tão triste; o sol inunda a tarde toda,
Festivo como um guizo numa boda
Onde a noiva morreu, desfeita em espaço...

Medeia a eternidade, em cada passo
Que, sem intuito, dá quem passa; à roda
Parece dormir tudo; e incomoda,
Ponderável, no ar, um embaraço...

Toda a tristeza do domingo à tarde.
Sobe dos homens para o céu, que arde,
O apego à vida dum olhar que morre.

Sombras sugerem aflições incertas...
E das janelas sôfregas, abertas,
Morno, o silêncio como num pranto escorre...

Reinaldo Ferreira

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