
Conhece-te a ti próprio.
Não dês ouvidos a rumores
Nem ajas ou fales sem pensar primeiro;
Sê acessível, simples mas sem vulgaridade;
Aos amigos, após experimentados,
Aceita-os, prende-os com arpões de aço,
Mas não dês primeiro a mão em demasia
A qualquer estoirado camarada.
Evita, teme
Questionar, mas, se entrares em luta
Que saias com o teu opositor temendo-te a ti.
Atende toda a gente, mas pensa por ti;
Aceita censuras, mas reserva a tua opinião.
Quanto a vestir, seja o que a tua bolsa pode:
Sem arrebiques; rico pode ser mas não taful
- O hábito, sabes, faz o monge
E, em França, posição e fortuna
Têm nisso, mais do que nós, gosto apurado.
William Shakespeare
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A MÚSICA
A música
É mar que não raro me avassala
Desfraldo as velas
E a coberto da bruma
Ou num vasto éter
Parto para o astro que me coube
O peito expoSto
E os pulmãoes como velas no seu máximo respirar
Surfo vaga após vaga
Porque a noite mas esconde
Passam por mim
Todas as sensações de um navio que sofre
O vento favorável
A tempestade
O caos incontrolável
Tudo me embala
À beira de um abismo imenso
Sobrevém por vezes uma insondável calamaria
Fico então preso no espelho imenso
Do desespero que me coube
CARLES BAUDELAIRE (in, AS FLORES DO MAL)
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